O TERRITÓRIO E A POPULAÇÃO
A cidade do Rio de Janeiro era uma das mais populosas do Brasil
no início do período republicano. Acima, a Praia de Copacabana.
Museu Histórico Nacional.
A República herdou do Império um território nacional praticamente com as mesmas dimensões atuais, ao qual, mais tarde, foram acrescentadas as regiões incorporadas via tratado de limites.
A população se distribuía irregularmente por essa imensa área geográfica e era predominantemente rural. Os habitantes passavam dos 14 milhões, sendo cerca de 714 mil estrangeiros. Menos de 10% residia em cidades com 20.000 habitantes ou mais. Somente três capitais (Rio de Janeiro, Salvador e Recife) possuíam mais de 100.000 habitantes. São Paulo, no entanto, foi a cidade que mais cresceu. A grande maioria se dedicava às atividades agrícolas e às prestações de serviço. Uma franca minoria se ligava ao setor industrial.
A distribuição populacional continuava a seguir a importância econômica das regiões, privilegiando o sudeste do país e o litoral. As províncias do norte e do nordeste pouco avançaram demograficamente, chegando a estacionar. Algumas regiões perderam contingentes populacionais, como ocorreu no nordeste e no Rio de Janeiro. As províncias centrais constituíam verdadeiros desertos demográficos. E mais, quase metade da população brasileira se concentrava nas regiões onde predominava a lavoura do café. O restante era distribuído pela região da cana-de-açúcar do nordeste e pelo extremo sul do país. Uma pequena porcentagem estava dispersa pelo restante do território. Os imigrantes estrangeiros e as migrações internas dos brasileiros também seguiram orientação: para a lavoura e para o sudeste do país.
Evolução da população brasileira | |||
Tabela 1.1 – População brasileira estimada e recenseada – 1550/1996 | |||
Anos | Autores | Fontes | Estimativas da População |
1550 | Contreiras Rodrigues | a | 15.000 |
1576 | Contreiras Rodrigues | a | 17.100 |
1583 | Pandiá Calógeras | b | (1) 57.000 |
1600 | Contreiras Rodrigues | a | (2) 100.000 |
1660 | Contreiras Rodrigues | a | (3) 184.000 |
1690 | Contreiras Rodrigues (média) | a | 242.000 |
1700 | Celso Furtado | c | 300.000 |
1776 | Thomas Ewbank | a | 1.500.000 |
1776 | Dauril Alden (média) | d | 1.788.480 |
Abade Correa da Serra | e | 1.900.000 | |
Giorgio Mortara | f | 2.700.000 | |
1780 | Contreiras Rodrigues | a | 2.523.000 |
Giorgio Mortara | f | 2.841.000 | |
1798 | Dauril Alden (média) | d | 2.888.078 |
Giorgio Mortara | f | 3.569.000 | |
Humboldt | d | 3.800.000 | |
Abade Correa da Serra | d | 4.000.000 | |
1800 | Celso Furtado | c | 3.250.000 |
Giorgio Mortara | f | 3.660.000 | |
1808 | Memória Estatística do Império no Brasil | g, h | (4) 2.424.423 |
D. Rodrigo de Souza Coutinho | e, h | 4.000.000 | |
Giorgio Mortara | f | 4.051.000 | |
1810 | Adriano Balbi | a | 3.617.900 |
Humboldt | e, h | 4.000.000 | |
Giorgio Mortara | f | 4.155.000 | |
1815 | Conselheiro Velloso de Oliveira | i, h | 2.860.525 |
Giorgio Mortara | f | 4.427.000 | |
1817 | Henry Hill | e | 3.300.000 |
Giorgio Mortara | f | 4.541.000 | |
1819 | Conselheiro Velloso de Oliveira | i, e, h | (4) 4.396.132 |
Giorgio Mortara | f | 4.657.000 | |
1823 | Memória Estatística do Império do Brasil | g, h | (4) 3.960.866 |
Giorgio Mortara | f | 4.899.000 | |
1825 | Casado Giraldes | e, h | 5.000.000 |
Giorgio Mortara | f | 5.025.000 | |
1827 | Maurício Rugendas | e, h | 3.758.000 |
Giorgio Mortara | f | 5.154.000 | |
1830 | Malte-Brum | e, h | (4) 5.340.000 |
Giorgio Mortara | f | 5.354.000 | |
1834 | Senador José Saturnino | e, h | 3.800.000 |
Giorgio Mortara | f | 5.690.000 | |
1850 | Senador Cândido Baptista de Oliveira | e, h | 8.000.000 |
Giorgio Mortara | f | 7.256.000 | |
1854 | Senador Luiz Pedreira do Couto Ferraz | e, h | (4) 7.677.800 |
Giorgio Mortara | f | 7.711.000 | |
1867 | "O Império do Brasil na Exposição Universal de 1867" | e, h | (4) 11.780.000 |
Giorgio Mortara | f | 9.396.000 | |
1868 | Cândido Mendes de Almeida | e, h | 11.030.000 |
Giorgio Mortara | f | 9.539.000 | |
1869 | Senador Pompeu de Souza Brasil | e, h | (4) 10.415.000 |
Giorgio Mortara | f | 9.686.000 | |
1872 | i | (5) 9.930.478 | |
1890 | i | 14.333.915 | |
1900 | i | 17.438.434 | |
1920 | i | 30.635.605 | |
1940 | i | (6) 41.236.315 | |
1950 | l | (7) 51.944.397 | |
1960 | l | 70.191.370 | |
1970 | l | (8) 93.139.037 | |
1980 | l | (8) 119.002.706 | |
1991 | l | (8) 146.825.475 | |
1996 | m | (8) 157.070.163 |
Fonte: Estatísticas históricas do Brasil: séries econômicas, demográficas e sociais de 1550 a 1988. 2ed. Ver. E atual. Do v.3 de Séries estatísticas retrospectivas. Rio de Janeiro: IBGE, 1990.p.30
Nota: As letras correspondem às diferentes publicações citadas na fonte da tabela:
(a) Simonsen, Roberto C. História Econômica do Brasil (1500/1820) – (1978). Apresenta as estimativas atribuídas a Contreiras Rodirgues, Thomas Ewbank e Adriano Balbi, p.217; b) Pandiá Calógeras. Formação histórica do Brasil. (1935), p.33. Também citado por Simonsen (fonte a, p.88) e Marcílio (fonte j, p. 119); c) Furtado, Celso. Formação Econômica do Brasil (1959), p.93; d) Alden, Dauril. The Population of Brazil in Late Eighteen Century – A Preliminary Study (1963), Tabela II e p. 194-195; e) Souza e Silva, Joaquim Norberto. Investigações Sobre o Recenseamento da População Geral do Império e de Cada Província de per si, tentandos desde os tempos coloniais até hoje (1870); f) Mortara, Giorgio. Sobre a utilização do Censo Demográfico para a Rexonstrução das Estatísticas do Movimento da População do Brasil. (1941), p. 43; g) Autor Anônimo. Memória Estatística do Império do Brasil (1829). Obra oferecida ao Marquês de Caravelas, Revista Trimensal do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil. Tomo LVIII, Parte 1, 1895; h) Oliveira Viana, Francisco José. Resumo Histórico dos Inquéritos Censitários Realizados no Brasil. (1920); i) Velloso de Oliveira, Conselheiro Antônio Rodrigues. A Igreja do Brasil (1819), citado por Joaquim Norberto de Souza e Silva (fonte e, p. 162-163 que, com base nos mapas apresentados pelo conselheiro Velloso, em anexo, distribuiu a população dos sete Bispados, segundo as 20 Províncias do Império; j) Recenseamento do Brazil 1872-1920. Rio de Janeiro: Diretoria Geral de Estatística, (187?) – 1930; l) Censo Demográfico 1940-1991. Rio de Janeiro: IBGE, 1950-1997; m) Contagem da população 1996. Rio de Janeiro: IBGE, 1997.v.1: Resultados relativos a sexo da população e situação da unidade domiciliar.
(1) Compreende 25.000 brancos, 18.000 índios e 14.000 escravos negros. (2) compreende 30.000 brancos e 70.000 mestiços, negros e índios. (3) compreende 74.000 brancos e índios livres e 100.000 escravos. (4) Os desdobramentos destes totais estão apresentados nas tabelas 1.3 e 1.4 (5) Os resultados não incluem 181.583 habitantes, estimados para 32 paróquias, nas quais não foi feito o recenseamento na data determinada. (6) Exclusive 31.960 pessoas recenseadas cujas declarações não foram apuradas por extravio do material de coleta. (8) População residente.
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