ESCRAVOS, SENHORES E CAFÉ
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Trabalhadores posam para uma das primeiras fotografias
tiradas no Brasil, por volta de 1850.
Colheita de café, em “A fotografia no Brasil, 1840-1900”, de Gilberto Ferrez,
Rio de Janeiro, Fundação Pró-Memória, 1985.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSHORD_SdOfgIGxQUrCJJCUcZJXEkHbwzl3W2JVuK3r0I748zCApX3UV9GWgFt_ebxcFI27-SkhOgjkz8g2iQmX6nGdZ6QX3DgaPFDmI1E7vw2OZGEapm_G1N7J5q3cv8eObxAyZ9KvvrK/s320/f_0582.jpg)
Sede de fazenda de café, próxima a Campinas, palco da Batalha de
Venda Grande durante a revolução liberal de 1842.
Em "O poliédrico artista paulista", de P. M. Bard, Editora Miguel Dutra, São Paulo. Aquarela, acervo do Museu de Arte Assis Chateaubriand.
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Escravos descansando na casa de um senhor, no caminho para outra fazenda.
J. M. Rugendas, litogravura aquarelada.
População escrava no Brasil no Século XIX, segundo as regiões - período de 1864/1887 | ||||
Regiões | 1864 | 1874 | 1884 | 1887 |
Brasil | 1.715.000 | 1540.829 | 1.240.806 | 723.419 |
Extremo Norte | 101.000 | 107.680 | 70.394 | 43.981 |
Amazonas | 1.000 | 1.545 | ... | ... |
Pará | 30.000 | 31.537 | 20.849 | 10.535 |
Maranhão | 70.000 | 74.598 | 49.545 | 33.446 |
Nordeste | 774.000 | 435.687 | 301.470 | 171.797 |
Piauí | 20.000 | 23.434 | 16.780 | 8.970 |
Ceará | 36.000 | 31.975 | ... | 108 |
Rio Grande do Norte | 23.000 | 13.634 | 7.209 | 3.167 |
Paraíba | 30.000 | 25.817 | 19.165 | 9.448 |
Pernambuco | 260.000 | 106.236 | 72.709 | 41.122 |
Alagoas | 50.000 | 36.124 | 26.911 | 15.269 |
Sergipe | 55.000 | 33.064 | 25.874 | 16.875 |
Bahia | 300.000 | 165.403 | 132.822 | 76.838 |
Sudeste | 745.000 | 856.659 | 779.175 | 482.571 |
Minas Gerais | 250.000 | 311.304 | 301.125 | 191.952 |
Espírito Santo | 15.000 | 22.297 | 20.216 | 13.381 |
Rio de Janeiro | 300.000 | 301.352 | 258.238 | 162.421 |
Corte | 100.000 | 47.084 | 32.103 | 7.488 |
167.493 | 80.000 | 174.622 | | 107.329 |
89.767 | 95.000 | 140.803 | | 25.070 |
Paraná | 20.000 | 11.249 | 7.768 | 3.513 |
Santo Catarina | 15.000 | 15.250 | 8.371 | 4.927 |
Rio Grande do Sul | 40.000 | 98.450 | 60.136 | 8.442 |
Mato Grosso | 5.000 | 7.054 | 5.782 | 3.233 |
Goiás | 15.000 | 8.800 | 7.710 | 4.955 |
Fonte: Conrad, Robert. The destruction of Brazilion siavery, 1850-1888. Berkeley: University of Colifornio Press, 1972.
ESCRAVOS, SENHORES E CAFÉ
A opulência dos "barões de café", com suas suntuosas fazendas, corresponde à fase do apogeu da cafeicultura. No início da expansão, nas primeiras décadas do século XIX, os seus bens se caracterizavam pela simplicidade. As primitivas casas dos proprietários possuíam dois andares, com janelas de frente armadas de balcões de ferro. No andar térreo, encontrava-se a sala de jantar e uma escada de madeira rústica que conduzia aos quartos: os da parte de trás eram reservados às mulheres. Os cômodos tinham poucas mobílias, sendo normalmente escuros. No começo, os fazendeiros apresentavam-se, ainda, como elementos rudes que fizeram fortuna com o café. À medida que os cafezais se estendiam, o ambiente de muitas fazendas sofreu um processo de transformação, decorrente da aquisição de produtos de luxo. O fausto demonstrava prestígio e poder, graças ao braço escravo.
A dependência do trabalho escravo se fazia presente desde o início: a riqueza do fazendeiro media-se pelo número de pés de café e de cativos. Os cafezais, em expansão, absorviam terras virgens, cultivadas pelos braços africanos obtidos sem grandes obstáculos. Os escravos representavam, aproximadamente, 50% do valor total das propriedades. Assim, os proprietários se opunham radicalmente a quaisquer tentativas de introdução do trabalho livre. No entanto, em 1850, surgiram as primeiras dificuldades com a paralisação do tráfico negreiro, que era a fonte natural de abastecimento de mão-de-obra. Ele era a garantia da continuidade do sistema, em virtude da alta taxa de mortalidade derivada das péssimas condições de vida e de toda uma estrutura baseada na violência.
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