CONFLITOS ENTRE O EXÉRCITO E O IMPÉRIO

Marechal Deodoro da Fonseca era presidente da província do Rio Grande do Sul quando começaram os desentendimentos entre o Imperador e o Exército.
Museu Histórico Nacional.

CONFLITOS ENTRE O EXÉRCITO E O IMPÉRIO

O descontentamento em relação ao tratamento dispensado pelo Império ao Exército redundou em vários incidentes envolvendo a oficialidade, entre 1884 e 1889, conhecidos como a "questão militar". Em 1884, o tenente-coronel Sena Madureira, comandante da Escola de Tiro de Campo Grande, na Corte, homenageou o jangadeiro Francisco do Nascimento, o "Dragão do Mar", participante ativo do término da escravidão no Ceará naquele ano. Ele tinha chegado ao Rio de Janeiro convidado pelas associações abolicionistas, por causa da sua liderança contra o embarque de escravos, em Fortaleza, em navios que os levariam para outras províncias. O ato de Sena Madureira foi considerado uma insubordinação. Ele foi transferido para o Rio Grande do Sul, onde escreveu um artigo no jornal republicano, "A Federação, de Porto Alegre, criticando as sanções impostas pelo ministro da Guerra. Os oficiais gaúchos deram integral apoio a Sena Madureira. O Marechal Deodoro da Fonseca, presidente da província, rechaçou as ordens emitidas pelo governo para estabelecer uma nova punição ao seu subordinado. O governo, liderado pelo Barão de Cotegipe, estava sem autoridade.

Deodoro da Fonseca, que havia sido exonerado do governo do Rio Grande do Sul em novembro de 1886, retornou ao Rio de Janeiro com Sena Madureira, em janeiro de 1887. Um grupo de oficiais, reunidos no Teatro Recreio, elaborou um documento que continha inúmeras reivindicações, entre as quais a revogação da proibição de se pronunciarem sobre assuntos políticos. A petição, entregue por Deodoro ao Imperador, não foi atendida. Em junho daquele ano, foi fundado o Clube Militar, que se propunha defender os interesses dos militares. Deodoro foi o primeiro presidente. A solicitação feita para que o Exército não exercesse a função de "capitão-do-mato" para caçar escravos fugidos também não foi acatada pelo governo. Mas, na prática, a partir daquele momento, os militares não exerceram mais a "ignóbil missão". Apesar da destituição do Gabinete Cotegipe, em março de 1888, e a extinção legal da escravidão, em maio do mesmo ano, a monarquia estava cada vez mais desprestigiada entre os militares. Preparava-se o golpe militar e republicano.

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