O GOLPE MILITAR REPUBLICANO

Conde D'Eu, marido da Princesa Isabel, sofria diversas críticas dos republicanos que lutavam contra um império sob o seu comando.
Prefeitura Municipal de São Paulo.

O GOLPE MILITAR REPUBLICANO

Existia um descompasso entre o Estado monárquico e escravista e uma boa parcela da oficialidade jovem do Exército, abolicionista e republicana. Este abismo não foi solucionado com a demissão do Gabinete Cotegipe, em março de 1888, e com a abolição da escravidão, em 13 de maio do mesmo ano. A pregação positivista e republicana encontrava uma guarida cada vez mais ampla na Escola Militar e nos quartéis. A idéia de "missão salvadora" no corpo da oficialidade se ampliava em oposição à "corrupção dos paisanos".

A propaganda republicana também se tornava mais intensa através da imprensa e de comícios buscando a adesão da população. As críticas contundentes aos membros da família imperial, em especial ao "decrépito" imperador Pedro II, visavam evitar o estabelecimento de um Terceiro Reinado, sob a égide da Princesa Isabel e do Conde d'Eu, seu marido de nacionalidade francesa. Criticava-se o Poder Moderador, a vitaliciedade do Senado, a ausência de liberdade religiosa e a inexistência de autonomia das províncias. Enfim, desejava-se uma descentralização administrativa e política. O estabelecimento do último Gabinete do Império, liderado pelo liberal Visconde de Ouro Preto, em junho de 1889, foi uma tentativa de implementar as reformas reivindicadas pelos setores oposicionistas, porém sem sucesso.

As dificuldades para realizar as reformas aceleraram as articulações entre republicanos e militares. O Clube Militar, sob a presidência de Benjamim Constant, começou a conspirar para a derrubada da monarquia no início de novembro. No dia 11 do mesmo mês, Rui Barbosa, Aristides Lobo, Benjamim Constant e Quintino Bocaiúva, entre outros, conseguiram a adesão do Marechal Deodoro da Fonseca, figura de maior prestígio do Exército que relutara em participar do movimento devido à sua amizade com o imperador. O golpe seria efetuado no dia 20 de novembro.

Diversos boatos foram espalhados pelos jovens oficiais, entre os quais o Major Sólon Ribeiro. Circulava a notícia que o governo tinha ordenado a prisão dos envolvidos, em especial Deodoro e Benjamim Constant, transferido batalhões para as províncias e, até mesmo, extinto o Exército, substituindo-o pela Guarda Nacional. Essas especulações provocaram uma reação imediata. Na manhã de 15 de novembro de 1889, Deodoro, à frente de um batalhão, marchou para o Ministério da Guerra, depondo o Gabinete de Ouro Preto. Não houve resistência. Os revoltosos conseguiram a adesão das tropas governistas. Deodoro, que estava doente, retirou-se para a sua residência e os militares voltaram aos quartéis. Alguns republicanos, entre os quais José do Patrocínio, preocupados com a indefinição do movimento, dirigiram-se à Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, proclamando a República. Patrocínio intitulou-se "proclamador civil da República".

Enquanto se processava a conspiração, a monarquia bailava em homenagem aos oficiais da Marinha chilena, na Ilha Fiscal, em 11 de novembro. O seu último suspiro ocorreu em um ambiente marcado pelo luxo e extravagância. O imperador, no dia 12, tinha se refugiado em Petrópolis, fugindo do calor do Rio de Janeiro. Pedro II ainda tentou estabelecer um novo ministério. No entanto, era tarde. No dia 16 de novembro, Deodoro da Fonseca emitiu as primeiras medidas do novo governo provisório. Poucos dias depois, a família imperial partiu para o exílio, marcando o fim da monarquia no Brasil.

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