AS TROPAS DE MUARES












Os caminhos surgidos com o desenvolvimento da economia cafeeira serviam
para o transporte dos produtos exportados e importados e para os
escravos que também desembarcavam nos portos.
Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa.








O caminho da Serra dos Órgãos.
Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa.

CAMINHOS DO CAFÉ E AS TROPAS DE MUARES

A partir da descoberta das minas de ouro, no século XVIII, foram abertos caminhos entre o interior e a cidade do Rio de Janeiro, principal centro mercantil e portuário, por onde se escoava a produção aurífera e de outros gêneros exportados para a Europa. A cidade abastecia a região mineira de manufaturados e escravos.

Do litoral partiam "estradas" que eram simples picadas nas florestas. Elas serviam para a comunicação com a serra e a região das minas. Os antigos caminhos do ouro foram aproveitados na ocupação do Vale do Paraíba. Os principais eram: o Caminho Velho, que ligava Guaratinguetá a Parati e depois ao Rio de Janeiro através de Itaguaí e Santa Cruz; e o Caminho Novo, de Garcia Rodrigues Paes, que passava por Paraíba do Sul e chegava à região mineira e à Baía de Guanabara, podendo-se ir por Irajá, ou então por via marítima pelo porto de Iguaçu.

As condições dos caminhos, intransitáveis na época das chuvas, eram bastante precárias. Os produtores amargavam imensos prejuízos, pois perdiam no transporte boa parte de suas cargas, ou mesmo as mulas que levavam os gêneros. As primeiras melhorias nas estradas somente foram efetuadas após o estabelecimento da família real portuguesa no Rio de Janeiro, quando o governo buscou atrair pessoas para a região criando uma infra-estrutura mínima de transportes.

No governo de D. João VI, surgiram os primeiros projetos para a construção de vias terrestres transitáveis, como por exemplo a Estrada do Comércio, concluída em 1817, que aproveitava os antigos caminhos para as minas. Ela servia para levar o café até o porto de Iguaçu, ou então, por terra, até o Rio de Janeiro. Outra estrada importante foi a da Polícia que enveredava por Sacra Família, Vassouras e, tomando um rumo mais ocidental, atingia Valença.

A ampla bacia hidrográfica, apesar de constituída de rios com uma extensão pequena, facilitou a penetração na região serrana da Província. Os transportes partiam dos ancoradouros situados no fundo da Baía de Guanabara, às margens daqueles rios, os quais se tornaram verdadeiros entrepostos comerciais, como os portos de Iguaçu, Estrela e Porto das Caixas. Existiam outros no litoral sul que desempenharam, também, um papel fundamental na expansão da economia cafeeira. O escoamento da produção da parte mais ocidental do Vale, do norte paulista e da zona meridional de Minas Gerais, fazia-se através de Parati, Angra dos Reis e Mangaratiba, na Baía da Ilha Grande.

O café era transportado pelas tropas de muares, conduzidas por escravos e supervisionadas por um arreador, elemento de confiança do proprietário. Conseqüentemente, esta tarefa implicava em um grande desvio de mão-de-obra do cultivo. Assim, tornava-se necessário diminuir estes gastos que implicavam em um aumento do custo de produção. Este aspecto foi atenuado com a construção das primeiras ferrovias.

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