A FRAGILIDADE DA CONCILIAÇÃO

A FRAGILIDADE DA CONCILIAÇÃO

A demissão de Zacarias de Góis foi um fato importante para o surgimento do Partido Liberal Radical,
futuro Partido Republicano.
Museu Histórico Nacional.

Consolidação (1831 - 1850)

A FRAGILIDADE DA CONCILIAÇÃO

A conciliação entre os partidos políticos no Império manteve-se pelas condições inerentes ao parlamentarismo. O poder do Imperador e a alternância de poder, eliminando do cenário político os liberais radicais e os conservadores extremados, favoreceram a transação. O Gabinete do Marquês do Paraná (1853-1856) estabeleceu a pacificação do partido conservador e atraiu os liberais mais moderados. Assim, o período entre 1850 e 1870, foi considerado pela historiografia como o apogeu do Império. O Estado consolidado e os debates políticos circunscritos ao Parlamento foram as suas marcas. Cabe assinalar que a lavoura cafeeira, em franca expansão, permitiu o crescimento da economia. O suor do trabalho escravo sustentou a estabilidade tão almejada pelas elites.

A conciliação das elites políticas teve uma duração efêmera. Em 1855, foi aprovada uma nova lei eleitoral - "A Lei dos Círculos". Os deputados seriam escolhidos por circunscrições que ultrapassavam os limites provinciais, diminuindo o poder dos Presidentes de Província e favorecendo os liberais mais moderados. A lei dificultava a intervenção dos governantes e do ministério na escolha de nomes que seriam candidatos ao Parlamento. Com a morte do Marquês do Paraná, em 1856, e a realização de eleições para a Câmara dentro das novas regras, os liberais acabaram reforçando a conciliação. No entanto, setores do Partido Conservador insatisfeitos conseguiram alterar a Lei dos Círculos, em 1860, ampliando o número de deputados eleitos para três. Era a forma de tentar aumentar a sua representatividade.

As divergências entre liberais e conservadores aumentaram no decorrer da década, apesar de uma nova tentativa de conciliação com a "Liga Progressista", que governou entre 1862 e 1868. A fórmula sofria críticas de setores dos dois partidos. Os liberais ampliaram as discussões sobre a necessidade de reformas mais profundas, em função das dificuldades financeiras decorrentes da Guerra do Paraguai (1864-1870) e da questão da escravidão. Os conservadores tentavam preservar o seu espaço na Câmara, esvaziado pela política de conciliação. A demissão do Gabinete liberal Zacarias de Góis e Vasconcelos, em 1868, e sua substituição pelos conservadores favoreceu o surgimento do Partido Liberal Radical que deu origem ao Partido Republicano, marcando o fim da conciliação das elites imperiais.