FIM DA EUFORIA DA ERA MAUÁ


Carta do Visconde de Mauá dirigida ao ministro brasileiro em Montevidéu, o Barão Aguiar d’Andrada, onde mostra-se indignado com a sentença de quebra da Casa Mauá.
Memorial do Rio Grande do Sul.
A abertura do mercado para produtos estrangeiros teve graves conseqüências para a economia nacional. Diversos empreendimentos faliram, inclusive os do Barão de Mauá (acima).
Museu Histórico Nacional.

FIM DA EUFORIA DA ERA MAUÁ

O Império brasileiro dependia, na segunda metade do século XIX, das exportações de café. Logo, tornava-se difícil o governo empreender uma política voltada para os interesses industriais, pois a exportação do produto proporcionava saldos na balança comercial. Estes permitiam a aquisição de mercadorias estrangeiras que atendiam, em especial, aos interesses das elites dominantes. Portanto, a manutenção de tarifas alfandegárias elevadas contrariava os importadores, na sua maioria ingleses, e os próprios cafeicultores que desejavam obter artigos mais baratos no exterior.

Em 1860, o governo adotou a tarifa Silva Ferraz, diminuindo as alíquotas de importação para máquinas, ferragens e armas. Os produtos estrangeiros, agora mais baratos, passaram a fazer concorrência com os fabricados nos estabelecimentos industriais brasileiros, atingindo sobremaneira o complexo de Ponta da Areia, do Barão de Mauá. Paralelamente, à política de abertura de mercado aos artigos estrangeiros correspondeu o estabelecimento de medidas deflacionárias com restrições ao crédito. A mudança foi um verdadeiro golpe fatal em qualquer novo empreendimento. Mauá começou a perder as suas empresas para capitalistas estrangeiros. A falta de apoio governamental e uma série de negócios arriscados provocou a sua falência em 1875.

Deve-se ainda ressaltar que o Brasil, na segunda metade do século XIX, apoiava-se ainda em uma estrutura socio-econômica baseada no trabalho escravo e nas exportações de produtos primários e matérias-primas para os grandes centros consumidores europeus e norte-americanos. O mercado interno era incipiente para absorver uma produção manufatureira. Sem modificações estruturais, qualquer empreendimento industrial tenderia ao fracasso. Pode-se acrescentar a esta situação a concorrência inglesa, desejosa de preservar o mercado para os seus artigos. Assim, as iniciativas de Mauá tiveram uma duração efêmera. Somente a partir de 1870 verificou-se um novo surto manufatureiro que se estendeu até a República, com destaque para a indústria têxtil.

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