DA ÁFRICA PARA O BRASIL


Durante o Primeiro Reinado, os negociantes de escravos, com armazéns no Valongo
e no Aljube, eram os comerciantes mais prósperos do Rio de Janeiro. Mais tarde,
quando a Inglaterra passou a perseguir os navios negreiros e a confiscar
seus carregamentos, o preço dos escravos foi inflacionado.

Escravos são transportados da África para o Brasil no porão de um navio negreiro.
Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa.

DA ÁFRICA PARA O BRASIL: OS TUMBEIROS

O tráfico de escravos africanos manteve-se no Brasil até a metade do século XIX, em virtude do envolvimento e cooperação de amplos setores da sociedade brasileira. Existia o consenso de que o comércio negreiro e o trabalho escravo eram essenciais para a prosperidade do Império. Assim, os direitos do senhor estavam acima de quaisquer preceitos morais. Apesar de enormes divergências entre os estudiosos, calcula-se que cinco milhões de escravos tenham ingressado no Brasil desde o século XVI. Somente na primeira metade do século XIX, as estimativas indicam um milhão e quinhentos mil cativos traficados para o país.

O tráfico de escravos africanos era efetuado em navios denominados tumbeiros, verdadeiros túmulos flutuantes, cujas condições eram as mais precárias possíveis. Retirados à força de suas terras, os negros eram jogados nos porões. Dos portos da costa ocidental da África (Angola e Guiné) levava-se aproximadamente um mês de travessia do Atlântico, enquanto da costa oriental (Moçambique), sessenta dias. As mortes durante a viagem ficavam, na primeira metade do século XIX, em torno de 10%, embora os cálculos para os séculos anteriores indiquem a ordem de 20%.

Apesar do número elevado de mortes dos escravos, os traficantes tinham grandes lucros. Eles obtinham os cativos em troca de fumo e aguardente na África e os revendiam nos portos brasileiros a intermediários que os repassavam para os proprietários. Normalmente, os traficantes, assim como os fazendeiros, preferiam os homens. Em 1846, um viajante britânico, George Gardner, percorrendo o interior do Brasil, constatou que a proporção de "machos e fêmeas" era da ordem de "um para dez". Além das péssimas condições de trabalho, que ocasionavam um alto índice de mortalidade, a grande diferença entre o número de homens e mulheres dificultava o crescimento vegetativo. Logo, a manutenção do tráfico, em virtude das condições internas existentes no país, era fundamental para a preservação da escravidão.

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