A ATUAÇÃO DOS ABOLICIONISTAS


Carta de André Rebouças, pela Sociedade Brasileira contra a Escravidão, para Sr. Clapp, pedindo ajuda a uma escrava livre.


André Rebouças teve participacão de destaque
no processo abolicionista brasileiro.
Museu Histórico Nacional.

A ATUAÇÃO DOS ABOLICIONISTAS

Os abolicionistas utilizaram diversas estratégias para a eliminação da escravidão. Influenciados pelas idéias européias de progresso e civilização, não perdiam uma oportunidade para denunciar as mazelas do cativeiro. A tribuna parlamentar, as páginas dos jornais, ou as conferências realizadas nos teatros serviam de palco para criticar o que Joaquim Nabuco denominava a "nefanda instituição". Alguns organizavam festas beneficentes e quermesses para angariar a simpatia popular e recursos para alforriar os cativos. Outros, como os alunos e professores da Escola Politécnica do Largo de São Francisco, liderados por André Rebouças, agiam nas vias públicas para convencer os senhores dos "malês" do cativeiro, tentando persuadi-los a libertarem os seus escravos. Também existiam grupos que defendiam a ação direta, incentivando as fugas dos cativos, como os "caifazes" liderados por Antonio Bento, em São Paulo. Em Campos, na província do Rio de Janeiro, diversos incêndios nos canaviais eram atribuídos aos abolicionistas liderados por Carlos Lacerda, intrépido jornalista local. No entanto, essa atuação nas senzalas era duramente criticada pela maioria dos propagandistas, como Joaquim Nabuco.

A questão fundamental girava em torno da manutenção da lei e da ordem. Apesar de agirem de maneira diferente, no fundo eles receavam uma sublevação de escravos. Os velhos "fantasmas" do Haiti e das revoltas baianas estavam presentes no seu imaginário. Repudiavam, de uma maneira geral, as formas violentas que usassem o escravo. Joaquim Nabuco defendia o término da escravidão através da lei e não nas "praças e quilombos". Escreveu, em 1883, "O Abolicionismo", livro que condensa o ideário abolicionista. José do Patrocínio, apesar dos discursos inflamados e a sua célebre afirmação de que a "escravidão era um roubo e todo dono de escravo era um ladrão", opunha-se a uma "ruptura traumática". Em São Paulo, Luís Gama desenvolveu intensa atividade jurídica para libertar cativos até a sua morte, em 1882. Assim, de uma maneira geral, os abolicionistas adotavam uma postura paternalista e reformista em relação à escravidão. Desejavam acabar com os grilhões do cativeiro, mas preservando uma sociedade excludente e hierarquizada.

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