O DESCONTENTAMENTO MILITAR


Vista da Escola Militar da Praia Vermelha, Rio de Janeiro.
Museu Histórico Nacional.


Duque de Caxias, chefe do exército brasileiro.

O DESCONTENTAMENTO MILITAR

Com a vitória na Guerra do Paraguai, em 1870, o Exército, que antes tinha menor prestígio que a Guarda Nacional, ganhou importância política. O seu efetivo foi aumentado e os equipamentos aperfeiçoados. Isso não impediu que a oficialidade passasse a contestar as estruturas político-sociais do Império. Em contato com tropas compostas em grande parte por negros, os oficiais se ressentiam da situação do Brasil no contexto dos demais países, pois era a única nação independente da América a manter a escravidão. A oficialidade começou a adotar então uma posição antiescravista e republicana.

Um dos fatores que facilitaram a disseminação das idéias abolicionistas no meio dos oficiais foi a mudança na composição social do Exército. Até 1850, os filhos das elites proprietárias de escravos dedicavam-se à carreira militar. Nas décadas seguintes, devido à baixa remuneração, os oficiais passaram a ser filhos de burocratas ou militares que não possuíam cativos. A maioria da oficialidade era originária de famílias tradicionais em declínio do interior do Nordeste e do Rio Grande do Sul, região onde havia um grande contingente militar devido aos inúmeros conflitos fronteiriços. Essas alterações provocaram um afastamento dos oficiais das elites políticas do Império, principalmente dos bacharéis formados nas Faculdades de Direito. Estes eram considerados pelos militares exemplos da corrupção e obstáculos ao crescimento econômico do país. O estabelecimento da Escola Militar na Praia Vermelha, em 1858, facilitou a maior coesão entre os cadetes, futuros oficiais, e aumentou a rejeição às elites civis. O Clube Militar, fundado em 1887, tornou-se um órgão para defender os interesses dos militares. Existia, portanto, um verdadeiro abismo, no final do Império, entre os militares e as elites governamentais.

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