IMIGRANTES NAS ÁREAS CAFEEIRAS


Entrada para a sede da fazenda Ibicaba, em Limeira, que tinha uma das
grandes plantações de café da época e foi precursora do sistema
de parceria com imigrantes trazidos da Europa para o Brasil.
Desenho litografado, coleção particular.


Cafezal da fazenda Ibicaba, uma das primeiras a adotar o sistema de
parceria com imigrantes. Ao fundo, as moradias dos trabalhadores.
Henrique Manzo, óleo sobre tela, Museu Paulista, USP.

IMIGRANTES NAS ÁREAS CAFEEIRAS: SISTEMA DE PARCERIA

Inicialmente, os imigrantes europeus foram utilizados como mão-de-obra na lavoura cafeeira através do sistema de parceria. O pioneiro deste sistema foi o senador Nicolau de Campos Vergueiro, ainda em 1847, na sua fazenda Ibicaba, em Limeira, na Província de São Paulo. Ele fundou a firma Vergueiro e Cia. que se responsabilizava pela contratação de europeus. Os colonos assinavam, ainda na Europa, um contrato pelo qual se comprometiam a pagar o adiantamento, feito pelos proprietários, para as suas despesas de viagem e os gastos iniciais de manutenção até a instalação nas fazendas.

Os colonos deveriam quitar as suas dívidas a partir do início da produção. Cada família cuidava de um determinado número de pés de café, além de uma porção de terra para o plantio de gêneros de subsistência. Vendido o café cultivado pelos imigrantes, os proprietários pagavam-lhes metade da renda líquida. Esta era calculada após a cobrança dos juros e amortização de parte do financiamento, feito por ocasião da assinatura do contrato. A metade do lucro da venda dos mantimentos plantados pelos colonos reverteria também para os fazendeiros.

O sistema provocava atritos entre os fazendeiros e colonos. Os cafeeiros mais novos e menos frutíferos nas piores terras lhes eram entregues. Os melhores pés de café ficavam sob o cuidado dos escravos. Eles reclamavam da avaliação dos pesos e das medidas do produto, sempre em seu prejuízo. Consideravam injusta a entrega de metade da venda dos gêneros de subsistência. Eles eram proibidos de abandonar a fazenda sem aviso prévio e só poderiam fazê-lo após o pagamento de todas as dívidas: com o contrato de viagem e as efetuadas quando adquiriam artigos no armazém das fazendas para seu sustento, a preços elevados. Criticavam a ausência de liberdade religiosa e as suas casas, algumas antigas senzalas.

Os fazendeiros, acostumados à escravidão, acusavam os imigrantes de preguiçosos e indisciplinados. Queixavam-se do desinteresse dos colonos pelos lucros das propriedades e das inúmeras fugas. Alegavam que eles não queriam ultrapassar 10 horas de trabalho por dia, enquanto os cativos ficavam até quatorze ou quinze. Para solucionar os conflitos, os proprietários reivindicavam financiamentos do governo e ação policial.

Segundo um colono suíço, Thomaz Davatz, que liderou uma revolta na fazenda Ibicaba, em 1857, só faltava "um passo" para os castigos corporais a que estavam sujeitos os cativos. O movimento teve grande repercussão na Europa e a Prússia proibiu a vinda de imigrantes alemães para o Brasil. A partir dessa insurreição, o sistema de parceria perdeu rapidamente prestígio em virtude das suas próprias contradições.

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