CULTIVO DO CAFÉ

Equipamentos da lavoura e do beneficiamento do café.
Museu Histórico Nacional.

O dia-a-dia da fazenda no preparo primitivo do café:
escravas pilam o produto.
Victor Frond – 1859-1861.

A colheita de café no Rio de Janeiro do início do século XIX era feita
de maneira primitiva e as plantações eram pouco planejadas.
Gravura aquarelada, Rugendas, c. 1830.


Típica fazenda de café na serra de Teresópolis.
Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa.

CULTIVO DO CAFÉ: TÉCNICAS PRIMITIVAS

A lavoura escravista caracterizou-se, de uma maneira geral, pelas técnicas rudimentares, principalmente aquelas relacionadas ao cultivo. A cafeicultura não fugiu à regra. A fazenda começava pela construção da casa-grande e a simultânea formação de roças de gêneros alimentícios (milho, feijão e mandioca), que eram plantados entre os pés de café e asseguravam a subsistência dos escravos e da propriedade.

O estabelecimento dos cafezais afetava as condições ecológicas por causa das queimadas, que dizimavam as imensas florestas virgens. Para desenvolver a plantação escolhia-se o local apropriado através de métodos empíricos. Correlacionava-se o solo fértil com as árvores que nele cresciam. Após a queimada, plantava-se as mudas de café nos terrenos cheios de cinzas, que agiam como fertilizantes. A fertilidade, contudo, era efêmera, pois a devastação provocava a exaustão das terras de uma forma mais acelerada. A situação era agravada pela erosão, já que os cafeeiros eram plantados nas encostas. A produção começava aos quatros anos, atingindo a sua plenitude entre os sete e os dezoito anos, iniciando-se o seu declínio. Normalmente, as plantações com mais de vinte e cinco anos eram abandonadas devido à baixa produtividade.

Por causa das técnicas primitivas no cultivo, a cafeicultura caracterizou-se por uma transitoriedade e mobilidade constante em busca de terras virgens. Uma verdadeira "lavoura de nômades", segundo Louis Couty, um contemporâneo. As melhorias técnicas eram dificultadas pela disponibilidade de matas virgens, pela baixa densidade demográfica e pela facilidade na obtenção de mão-de-obra, através do tráfico de escravos. Os instrumentos agrícolas, como a enxada e a foice, eram os mais utilizados. O arado somente foi usado nas regiões mais novas de São Paulo. A possibilidade de obtenção de matas virgens provocava o desinteresse do fazendeiro de fazer quaisquer tentativas de recuperação do solo através de fertilizantes ou métodos de adubação. Enquanto subsistissem mecanismos internos para a reprodução da cafeicultura, inexistiam razões para um aperfeiçoamento técnico. O cultivo continuaria sendo pautado por técnicas rudimentares e os problemas somente viriam à tona quando as soluções ficassem mais difíceis e os recursos escassos.

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