A URBANIZAÇÃO DESIGUAL E RAREFEITA

Cidade do Rio de Janeiro vista do morro do Senado.
Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa.

Evolução da população brasileira

Tabela 1.1 – População brasileira estimada e recenseada – 1550/1996

Anos

Autores

Fontes

Estimativas da População

1550 Contreiras Rodrigues

a

15.000

1576 Contreiras Rodrigues

a

17.100

1583 Pandiá Calógeras

b

(1) 57.000

1600 Contreiras Rodrigues

a

(2) 100.000

1660 Contreiras Rodrigues

a

(3) 184.000

1690 Contreiras Rodrigues (média)

a

242.000

1700 Celso Furtado

c

300.000

1776 Thomas Ewbank

a

1.500.000

1776 Dauril Alden (média)

d

1.788.480

Abade Correa da Serra

e

1.900.000

Giorgio Mortara

f

2.700.000

1780 Contreiras Rodrigues

a

2.523.000

Giorgio Mortara

f

2.841.000

1798 Dauril Alden (média)

d

2.888.078

Giorgio Mortara

f

3.569.000

Humboldt

d

3.800.000

Abade Correa da Serra

d

4.000.000

1800 Celso Furtado

c

3.250.000

Giorgio Mortara

f

3.660.000

1808 Memória Estatística do Império no Brasil

g, h

(4) 2.424.423

D. Rodrigo de Souza Coutinho

e, h

4.000.000

Giorgio Mortara

f

4.051.000

1810 Adriano Balbi

a

3.617.900

Humboldt

e, h

4.000.000

Giorgio Mortara

f

4.155.000

1815 Conselheiro Velloso de Oliveira

i, h

2.860.525

Giorgio Mortara

f

4.427.000

1817 Henry Hill

e

3.300.000

Giorgio Mortara

f

4.541.000

1819 Conselheiro Velloso de Oliveira

i, e, h

(4) 4.396.132

Giorgio Mortara

f

4.657.000

1823 Memória Estatística do Império do Brasil

g, h

(4) 3.960.866

Giorgio Mortara

f

4.899.000

1825 Casado Giraldes

e, h

5.000.000

Giorgio Mortara

f

5.025.000

1827 Maurício Rugendas

e, h

3.758.000

Giorgio Mortara

f

5.154.000

1830 Malte-Brum

e, h

(4) 5.340.000

Giorgio Mortara

f

5.354.000

1834 Senador José Saturnino

e, h

3.800.000

Giorgio Mortara

f

5.690.000

1850 Senador Cândido Baptista de Oliveira

e, h

8.000.000

Giorgio Mortara

f

7.256.000

1854 Senador Luiz Pedreira do Couto Ferraz

e, h

(4) 7.677.800

Giorgio Mortara

f

7.711.000

1867 "O Império do Brasil na Exposição Universal de 1867"

e, h

(4) 11.780.000

Giorgio Mortara

f

9.396.000

1868 Cândido Mendes de Almeida

e, h

11.030.000

Giorgio Mortara

f

9.539.000

1869 Senador Pompeu de Souza Brasil

e, h

(4) 10.415.000

Giorgio Mortara

f

9.686.000

1872

i

(5) 9.930.478

1890

i

14.333.915

1900

i

17.438.434

1920

i

30.635.605

1940

i

(6) 41.236.315

1950

l

(7) 51.944.397

1960

l

70.191.370

1970

l

(8) 93.139.037

1980

l

(8) 119.002.706

1991

l

(8) 146.825.475

1996

m

(8) 157.070.163

Fonte: Estatísticas históricas do Brasil: séries econômicas, demográficas e sociais de 1550 a 1988. 2ed. Ver. E atual. Do v.3 de Séries estatísticas retrospectivas. Rio de Janeiro: IBGE, 1990.p.30

Nota: As letras correspondem às diferentes publicações citadas na fonte da tabela:

(a) Simonsen, Roberto C. História Econômica do Brasil (1500/1820) – (1978). Apresenta as estimativas atribuídas a Contreiras Rodirgues, Thomas Ewbank e Adriano Balbi, p.217; b) Pandiá Calógeras. Formação histórica do Brasil. (1935), p.33. Também citado por Simonsen (fonte a, p.88) e Marcílio (fonte j, p. 119); c) Furtado, Celso. Formação Econômica do Brasil (1959), p.93; d) Alden, Dauril. The Population of Brazil in Late Eighteen Century – A Preliminary Study (1963), Tabela II e p. 194-195; e) Souza e Silva, Joaquim Norberto. Investigações Sobre o Recenseamento da População Geral do Império e de Cada Província de per si, tentandos desde os tempos coloniais até hoje (1870); f) Mortara, Giorgio. Sobre a utilização do Censo Demográfico para a Rexonstrução das Estatísticas do Movimento da População do Brasil. (1941), p. 43; g) Autor Anônimo. Memória Estatística do Império do Brasil (1829). Obra oferecida ao Marquês de Caravelas, Revista Trimensal do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil. Tomo LVIII, Parte 1, 1895; h) Oliveira Viana, Francisco José. Resumo Histórico dos Inquéritos Censitários Realizados no Brasil. (1920); i) Velloso de Oliveira, Conselheiro Antônio Rodrigues. A Igreja do Brasil (1819), citado por Joaquim Norberto de Souza e Silva (fonte e, p. 162-163 que, com base nos mapas apresentados pelo conselheiro Velloso, em anexo, distribuiu a população dos sete Bispados, segundo as 20 Províncias do Império; j) Recenseamento do Brazil 1872-1920. Rio de Janeiro: Diretoria Geral de Estatística, (187?) – 1930; l) Censo Demográfico 1940-1991. Rio de Janeiro: IBGE, 1950-1997; m) Contagem da população 1996. Rio de Janeiro: IBGE, 1997.v.1: Resultados relativos a sexo da população e situação da unidade domiciliar.

(1) Compreende 25.000 brancos, 18.000 índios e 14.000 escravos negros. (2) compreende 30.000 brancos e 70.000 mestiços, negros e índios. (3) compreende 74.000 brancos e índios livres e 100.000 escravos. (4) Os desdobramentos destes totais estão apresentados nas tabelas 1.3 e 1.4 (5) Os resultados não incluem 181.583 habitantes, estimados para 32 paróquias, nas quais não foi feito o recenseamento na data determinada. (6) Exclusive 31.960 pessoas recenseadas cujas declarações não foram apuradas por extravio do material de coleta. (8) População residente

A URBANIZAÇÃO DESIGUAL E RAREFEITA

Enquanto o Rio de Janeiro, sede da Corte, recebeu uma série de melhorias a partir de 1850, nas demais cidades a urbanização era muito incipiente. Os centros urbanos portuários contrastavam com os situados no interior, refletindo a estrutura econômica voltada para as exportações. Às maiores cidades correspondiam os principais portos: Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Belém. O Rio de Janeiro, em 1872, possuía 275.000 habitantes; Salvador, 129.109; Recife, 116.617; Belém, 61.977. São Paulo, com 31.385 habitantes, ainda era um pequeno burgo, mas que começava a se beneficiar com a expansão da lavoura cafeeira no Oeste Paulista. Em 1872, a população das capitais de província era de 1.022.655 no total de 10.112061. Este é um dado revelador da concentração populacional nas cidades mais importantes. Pode-se constatar que o Brasil era um país basicamente rural.

As casas comerciais vendiam basicamente produtos importados. Os laticínios, principalmente manteiga e queijos, cervejas, remédios e perfumes freqüentavam as prateleiras dos estabelecimentos. Os jornais anunciavam as "novidades" européias. Os trajes acompanhavam o rigor da moda inglesa. Chapéus e bengalas eram acessórios obrigatórios para os homens elegantes vestidos em vistosas casacas de casimira inglesa, mesmo no calor escaldante do Rio de Janeiro.

As cidades se caracterizavam pela sujeira. O sistema de esgotos do Rio de Janeiro foi feito por uma firma inglesa, Rio de Janeiro City Improvements Company Ltd., em 1862. Empreendimentos semelhantes foram efetuados em São Paulo, Recife, Manaus e Salvador. Poucas casas recebiam água encanada. O planejamento urbano praticamente inexistia na formação das cidades brasileiras, com algumas exceções. As ruas eram estreitas e tortuosas, com as casas construídas junto às calçadas. As primeiras mudanças ocorreram na segunda metade do século XIX, com a ampliação dos negócios urbanos. Mansões e casarões começaram a ocupar os primeiros boulevards. Esta aparente modernização atingia apenas as elites. Nos locais mais pobres, os barracos e cortiços dominavam a paisagem.

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