PERIGO MILITAR E AS AGITAÇÕES NO RIO DE JANEIRO

PERIGO MILITAR E AS AGITAÇÕES NO RIO DE JANEIRO

A formação dos Estados Nacionais da antiga América Espanhola, após a emancipação política, caracterizou-se por uma série de lutas internas. Estas se processaram entre os que defendiam um unitarismo, ou seja, uma maior centralização, e aqueles que desejavam o federalismo, isto é uma maior autonomia para as províncias, como ocorreu no Brasil durante o período regencial. A organização de um exército nacional processou-se paralelamente à consolidação dos Estados latino-americanos.

O Exército no Brasil ainda não estava plenamente estruturado. As tropas careciam de disciplina e era comum a ocorrência de manifestações de insubordinação, principalmente por parte das aquarteladas no Rio de Janeiro. Assim, uma das questões que se apresentavam para as elites logo após a renúncia do imperador Pedro I era o receio de uma "anarquia militar". Nos escalões inferiores das tropas existiam elementos humildes, facilmente manipulados pelos grupos radicais que repudiavam as soluções negociadas após a abdicação. O medo dos setores dirigentes era que a possibilidade de uma guerra civil provocasse um esfacelamento territorial, como ocorreu na antiga América Espanhola.

Durante a Regência Trina Permanente aconteceram sublevações de tropas no Rio de Janeiro. O Batalhão de Infantaria, aquartelado no morro de São Bento, rebelou-se em 12 de julho de 1831 e o batalhão da polícia em 14 de julho. Os soldados se reuniram na arraia-miúda, no Campo de Santana, exigindo "reformas democráticas", a expulsão dos portugueses e dos setores ligados à família real e o afastamento do Padre Feijó do ministério. A milícia, organizada pelo titular da Justiça, reprimiu os manifestantes, prendendo os principais líderes do protesto. Segundo Feijó, "os cidadãos" não podiam sofrer a "inquietação" e o "sobressalto" causados pelos "anarquistas".

Apesar das medidas repressivas do governo, ainda ocorreram, em 3 de abril de 1832, levantes nas guarnições das fortalezas de Villegagnon e Santa Cruz, derrotados pelas forças governamentais. Os restauradores, em 17 de abril de 1832, tentaram aplicar um golpe, com o apoio de José Bonifácio. Este, no ano seguinte, foi preso, perdendo o lugar de tutor do futuro imperador Pedro II. A criação da Guarda Nacional e a redução drástica do contingente militar estabelecido no Rio de Janeiro esvaziaram essas agitações, garantindo o acordo das elites.

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