PREDOMÍNIO DOS MODERADOS


PREDOMÍNIO DOS MODERADOS

A abdicação de Pedro I foi considerada por alguns historiadores como a "vitória do liberalismo", na medida em que se opunha aos desígnios pessoais de caráter absolutista do imperador. No entanto, este liberalismo buscou, acima de tudo, preservar a grande propriedade e o trabalho escravo. Do 7 de abril participaram setores ligados à estrutura agrária, assim como uma camada urbana heterogênea que buscava manipular a arraia- miúda, inclusive as tropas.

Após a renúncia do imperador as contradições entre as elites vieram à tona. Os liberais exaltados desejavam uma maior autonomia para as províncias. Defendiam o fim do Poder Moderador, a ampliação do direito de voto, a extinção do Conselho de Estado e da vitaliciedade do Senado, embora não propusessem reformas sociais mais profundas. Organizaram a Sociedade Federal, sendo denominados, também, de "farroupilhas" (vestido de farrapos), em virtude de seu proselitismo junto à arraia-miúda urbana.

Os restauradores ou "caramurus", apoiados principalmente por comerciantes e funcionários portugueses, defendiam o retorno do imperador e criticavam os dirigentes regenciais que, segundo eles, permitiram a instauração da "anarquia" após a abdicação. Com a morte de Pedro I, em 1834, os remanescentes deste grupo aderiram aos moderados.

Os Liberais Moderados ou "chimangos" constituíram a força política do período regencial. Organizaram a "Sociedade Defensora da Liberdade e Independência Nacional". E eram defensores da centralização. Dos componentes deste grupo, destacaram-se, entre outros, o Padre Diogo Feijó, Bernardo Pereira de Vasconcelos, o jornalista Evaristo da Veiga e o senador Nicolau Campos Vergueiro. Os liberais moderados agiam mais como moderados do que liberais.

Desde o início da regência, os liberais moderados buscaram combater tanto os "caramurus" quanto os "farroupilhas". Estes eram acusados de promoverem as "desordens" e "anarquia" que levariam ao esfacelamento do país. Os principais cargos públicos e políticos foram sendo ocupados pelos moderados, impondo as suas diretrizes. Os seus tentáculos se estendiam a todos os cantos do Império, formando um verdadeiro Estado dentro do Estado. Por outro lado, cabe ressaltar que estas facções da elite, embora pertencentes a grupos distintos, estavam preocupadas, acima de tudo, em criar condições para a organização do Estado. As divergências ocorridas eram mais de forma do que de conteúdo, pois nos seus quadros predominavam os grandes proprietários de terras e de escravos.

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