ESTADO IMPERIAL


Abolicionistas como Joaquim Nabuco eram freqüentemente acusados
e perseguidos por facções conservadoras da sociedade.
Museu Histórico Nacional.


Barão de Cotegipe, político e magistrado, deputado geral
e senador pela província da Bahia.

ESTADO IMPERIAL E O ABOLICIONISMO

Os governantes, durante o Império, trataram com cautela a "questão servil". Muitos dos componentes da estrutura burocrática do Estado eram senhores de escravos. A mudança de comportamento sobre a escravidão iniciou-se especialmente a partir de 1870, em virtude das transformações que estavam se operando na sociedade brasileira, relacionadas à expansão do capitalismo e ao processo de urbanização. Entretanto, os setores mais conservadores resistiram à abolição e o próprio governo adiava uma solução definitiva. Os abolicionistas cumpriram um papel fundamental através de críticas contundentes às medidas paliativas que foram tomadas pelo governo.

Os propagandistas buscaram conservar a campanha abolicionista dentro da lei e da ordem. Mas, independente desta atitude, responsabilizavam através da imprensa, da tribuna parlamentar ou de comícios, o imperador, seus familiares e os membros do governo pela manutenção da escravidão. Apesar da existência formal de censura, ela não agia com extremo rigor em relação aos escritos abolicionistas pelo alto grau de analfabetismo existente no país.

No entanto, os senhores de escravos reagiam à ação dos abolicionistas, muitas vezes respaldados pela omissão das autoridades governamentais. As calúnias e difamações contra os militantes eram usuais. Os defensores do cativeiro os consideravam como elementos que semeavam a "desordem e a rebelião". Em 1884, por exemplo, Joaquim Nabuco e José do Patrocínio foram acusados de "socialistas" e "anarquistas" por jornais conservadores. Em 1886, José do Patrocínio foi ameaçado de processo pela polícia da Corte por proteger escravos fugidos.

Perseguições e ameaças de morte aos propagandistas eram habituais, especialmente no interior. Jornais abolicionistas sofreram empastelamento, como o "Vinte e Cinco de Março", de Campos, na Província do Rio de Janeiro. Em 1887, o governo do Barão de Cotegipe proibiu "ajuntamento em praças e ruas" para evitar comícios dos militantes antiescravistas. No Rio de Janeiro, as manifestações populares se tornaram mais assíduas às vésperas da extinção legal da escravidão. A pressão dos setores urbanos e a resistência negra cada vez mais acentuada alteraram o comportamento do Estado, que se viu compelido a encaminhar as leis abolicionistas.

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