LAVOURA AÇUCAREIRA


Plantação recente de cana-de-açúcar (na área plana, ao meio)
nas cercanias de Recife, em 1858.
Foto de Augusto Stahl, coleção Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.


Ponte Velha do Recife em 1858, substituída em 1865 pela ponte metálica Sete de Setembro. Este porto movimentava a maior parte da produção de cana-de-açúcar do Brasil.
Foto de Augusto Stahl, coleção Insituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

LAVOURA AÇUCAREIRA NORDESTINA

O açúcar continuou a ocupar um importante lugar na pauta das exportações brasileiras durante o Império, apesar das dificuldades derivadas da concorrência antilhana e do açúcar de beterraba produzido em larga escala na Alemanha, a partir da metade do século XIX. As antigas regiões produtoras de Pernambuco e do recôncavo baiano ainda possuíam imensos canaviais, que serviam para preservar o poder e o luxo dos senhores de engenho. A competição externa, mais acirrada, no entanto, dificultava quaisquer investimentos na modernização de equipamentos. Preso ao trabalho escravo e a métodos tradicionais, o produto nordestino ingressou em um processo de crise.

O açúcar nordestino era vendido principalmente para a Inglaterra. Em 1870, os ingleses compravam aproximadamente 76% das exportações. Com a conquista do mercado europeu pelo açúcar de beterraba, os norte-americanos transformaram-se no principal consumidor do produto no final da década de 1880. Quando os Estados Unidos anexaram Porto Rico e o Havaí (também regiões produtoras) em 1898, as exportações do Nordeste foram abaladas novamente. No plano interno, o açúcar nordestino sofria a concorrência das áreas do Sudeste, em especial Campos e São Paulo.

Apesar deste quadro desfavorável à lavoura açucareira no final do Império, iniciou-se um processo de modernização de alguns engenhos, com a introdução dos engenhos centrais e usinas, a partir da década de 1870. Os recursos eram originários de empresários locais, ligados às oligarquias canavieiras, apoiados por subsídios governamentais. Os engenhos centrais recebiam as canas dos engenhos tradicionais desativados - banguês - e dos lavradores para o fabrico do açúcar. Entretanto, as dificuldades técnicas de operação das máquinas adquiridas no exterior, os transportes precários e as irregularidades no fornecimento da matéria-prima provocaram o fracasso da experiência. Na década de 1880, com a introdução das usinas, unidades industriais, ocorreu um processo de monopolização do fabrico do açúcar com investimentos de capitais externos, em especial ingleses. As mudanças ocorridas na produção de açúcar, com os engenhos centrais e usinas, impuseram a necessidade de maior racionalização e favoreceram a transição do trabalho escravo para o livre, sem alterar as dificuldades de colocação do açúcar brasileiro no mercado externo.

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