LITERATURA NO IMPÉRIO


Castro Alves foi um grande destaque da literatura no período imperial. Devido ao cunho político de sua obra, ficou conhecido como
"Poeta dos Escravos".
MUSEU HISTÓRICO NACIONAL.

José de Alencar.


Manuscrito de José de Alencar, intitulado "Apontamentos sobre meu Ministério".


"Círculo Vicioso", um dos poemas mais famosos de Machado de Assis.

LITERATURA NO IMPÉRIO

A produção literária brasileira no início do Império inspirou-se no Romantismo, um movimento em voga na Europa que repudiava os modelos estéticos clássicos. No Brasil, esse "romantismo importado" surgiu em 1836 com o lançamento da revista Niterói, fundada em Paris por Gonçalves de Magalhães e alguns colegas. Foi o primeiro manifesto a favor dos novos ideais.

Enquanto na Europa os escritores priorizavam a Idade Média, considerada uma época heróica, os ficcionistas e poetas brasileiros recorreram aos índios como exemplo de um passado digno de ser ressaltado. A idealização dos indígenas teve seu apogeu entre 1840 e 1870 e foi a primeira tentativa de formação de uma temática nacional. Esse movimento ficou conhecido como "Indianismo". Seus maiores expoentes foram o poeta Gonçalves Dias, com o poema "I Juca Pirama", e o romancista José de Alencar, com "Iracema" e "O Guarani".

A preocupação social ganhou espaço entre os poetas românticos a partir da década de 1860. Fagundes Varela foi o primeiro a tratar do tema do negro em "Mauro, o Negro". Em seguida, Castro Alves passou a utilizar a sua verve em favor de causas sociais e políticas. Ficaram famosos seus poemas contra a escravidão negra, como "Navio Negreiro" e "Vozes d'África".

A novidade na ficção foram os romances folhetinescos, uma mistura de digressões ao relato dos acontecimentos, além de humor e crítica social. Joaquim Manuel de Macedo foi, com a "Moreninha", um dos primeiros a conquistar o público com este novo gênero. Mas foi Manuel Antonio de Almeida, em "Memórias de um Sargento de Milícias", quem verdadeiramente deu ao romance um conteúdo social.

Na fase final do Segundo Reinado, os romances folhetinescos ganharam a concorrência das obras regionalistas, que, ao contrário das indianistas, com forte sentido integrador, procuravam acentuar as particularidades de cada região. Os autores mais importantes deste estilo foram Domingos Olímpio, com "Luzia Homem" e Manuel de Oliveira Paiva, com "Dona Guidinha do Poço".

Nas últimas décadas do século XIX, o Realismo suplantou o Romantismo na Europa. Esse movimento, vinculado à ascensão e enraizamento da burguesia no topo econômico, pregava, em vez do sentimentalismo romântico, a denúncia das mazelas cotidianas. A renovação foi sentida no Brasil, onde muitos autores enveredaram pelo Naturalismo, uma facção ainda mais radical do realismo, cujo preceito era que a literatura deveria retratar cruamente a realidade social. Aluizio Azevedo foi um dos que melhor sintetizou o gênero em "O Mulato" e "O Cortiço".

Apesar de tantas mudanças, o escritor mais importante do período foi justamente aquele que recorria a algumas técnicas narrativas do passado e ironizava as novidades literárias: Machado de Assis. Este mulato, funcionário público, retratou de forma irônica e mordaz, sempre elegante, a situação social da época, o declínio de valores. Em seus contos, crônicas e romances, pululam personagens sem caráter, golpistas de várias estirpes, além de um assombramento moral pela mudança dos tempos.

Na poesia, a reação contra o Romantismo foi o Parnasianismo, nome do movimento francês, logo copiado pelos poetas brasileiros, que cultuava a forma em vez do conteúdo. Foi o fim da espontaneidade na criação. Para elaborar um soneto, eram necessárias "rimas ricas", "fechos de ouro". É claro que tanto rigor métrico provocou um afastamento dos temas sociais. Olavo Bilac e Alberto de Oliveira, principais ícones do Parnasianismo, falavam principalmente de temas clássicos gregos.

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