BENEFICIAMENTO DO CAFÉ

Cafezal da fazenda Ibicaba, uma das primeiras a adotar o sistema de
parceria com imigrantes. Ao fundo, as moradias dos trabalhadores.
Henrique Manzo, óleo sobre tela, Museu Paulista/USP.

Em 1881, os escravos partem para a plantação de café com as cestas para a colheita
nas costas. Ao lado, a área da fazenda dedicada à secagem dos grãos.

Marc Ferrez, coleção particular, foto sobre papel albuminado.

Debulhador de café sendo usado por escravas na fazenda de café Entre-Rios,
no Vale do Paraíba, província do Rio de Janeiro, em 1878.
J. B. Wiegandt, Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros/USP.

Despolpador de grãos de café com tanque anexo na fazenda Entre-Rios,
no Vale do Paraíba, província do Rio de Janeiro, em 1878.
J. B. Wiegandt, Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros/USP.

Trabalhadores pesam e ensacam o café na fazenda Entre-Rios,
no Vale do Paraíba, província do Rio de Janeiro, em 1878.
J. B. Wiegandt, Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros/USP.

Tulha, local de armazenagem do café ensacado por escravos na fazenda de café Entre-Rios, no Vale do Paraíba, província do Rio de Janeiro, em 1878.
B. Wiegandt, acervo do Instituto de Estudos Brasileiros/USP.

Mulas transportam as sacas de café até a estação de trem.
Marc Ferrez, 1881, coleção particular, foto sobre papel albuminado.

BENEFICIAMENTO DO CAFÉ

No início, as técnicas de beneficiamento eram precárias, em virtude da modéstia das primeiras lavouras, assim como pelas facilidades na obtenção de escravos e terras. O café não exigia a vultosa aparelhagem empregada no açúcar, mas a ausência de máquinas tornava as atividades rudes e penosas. Elas foram introduzidas em especial na segunda metade do século, após a paralisação do tráfico de escravos africanos, em 1850 e tinham o objetivo de liberar a mão-de-obra para o cultivo e a colheita.

A compra de máquinas implicava em uma soma elevada de recursos, ficando assim restrita a um pequeno número de fazendeiros, que tinham garantias de matas virgens, de uma quantidade considerável de escravos e de cafezais em plena produção. Quando surgiram novas máquinas para melhorar o beneficiamento do café, na segunda metade do século XIX, muitos fazendeiros do Vale do Paraíba já estavam com dificuldades para ampliar suas lavouras. No entanto, esta situação não ocorreu nas novas áreas cafeicultoras de São Paulo, que se beneficiou das novas condições de seu desenvolvimento e da expansão do capitalismo.

Durante a colheita cada escravo responsabilizava-se, aproximadamente, por sete mil pés de café. No Rio de Janeiro, remunerava-se o cativo pela produção que excedesse a tamina -tarefa a ser executada- a título de incentivo. Geralmente, o senhor pagava-lhe 200 réis por alqueire nas quatro ou cinco primeiras semanas de colheita e duzentos e quarenta réis para períodos posteriores.

Após a colheita, os grãos eram colocados em um tanque para a retirada das impurezas. Depois da lavagem preliminar, passavam para os despolpadores (aparelhos que serviam para desprender a polpa, isto é, o invólucro externo dos grãos de café). Eram transferidos para um novo tanque, onde a água mantinha-se em constante movimento, para a eliminação dos restos da polpa. Em seguida, iniciava-se o processo de secagem ou "seca": as sementes eram depositadas em um terreiro cimentado (nas grandes fazendas) ou de terra, e ficavam expostas ao sol durante vários dias.

Após o café ficar seco, era necessário pilá-lo, ou seja, remover o segundo invólucro ou película. Nesse processo usava-se, inicialmente, pilões de madeira movidos por um animal, queda d'água e, posteriormente, motores. Depois os grãos, já soltos e lisos, iam para o ventilador, onde eram eliminadas as impurezas. Colocado em tulhas, armazéns limpos e arejados, o produto estava pronto para ser ensacado e enviado para a exportação.


1 comentários:

Blogomodesto.blgspot.com | 21 de dezembro de 2018 às 05:29

Eu estudei na Fazenda Santana de Baixo, a beira da Rodovia Washington Luis, onde existiam muros, pátios e senzalas, além de uma figueira com argolas onde os escravos ficavam acorrentados.

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