A CAMPANHA ABOLICIONISTA


José Bonifácio foi ativo participante da campanha abolicionista.
Museu Paulista.


Joaquim Nabuco, aqui em 1901, foi abolicionista mas defendia a monarquia, querendo que o trono ficasse com a Princesa Isabel.


Anúncio de gratificação por escravos fugidos.
IHGB.

A CAMPANHA ABOLICIONISTA

A campanha abolicionista foi um processo desenvolvido principalmente por setores urbanos, a partir da década de 1870, para a extinção legal da escravidão no Brasil. Os argumentos dos seus opositores assemelhavam-se aos de alguns críticos que escreveram na primeira metade do século XIX. Em 1825, José Bonifácio, por exemplo, considerava o escravismo uma "instituição nefasta", responsável pelo "atraso" existente no país, corruptora da "moral" e dos "costumes" e inibidora do "progresso" e da indústria. No entanto, inexistiam naquele período condições sociais, econômicas e ideológicas favoráveis, tais como a expansão das práticas capitalistas, o desenvolvimento dos centros urbanos, o crescimento da mão-de-obra livre e, conseqüentemente, de segmentos da sociedade que se opunham ao trabalho compulsório, além da difusão das idéias de progresso e civilização. O fim da Guerra do Paraguai, que contou com a participação de cativos, também reforçou o abolicionismo.

As transformações econômicas e sociais internas aliavam-se às pressões internacionais. Após a Guerra de Secessão (1861-1865), nos Estados Unidos, o Brasil era o único país independente que ainda preservava a escravidão. Organizações abolicionistas francesas e inglesas começaram a questionar o governo imperial sobre a manutenção do trabalho escravo. O apelo que a Junta Francesa de Emancipação fez ao imperador, em 1865, em favor dos cativos teve repercussão. Pedro II encaminhou, em 1867, embora timidamente, uma mensagem à Câmara solicitando uma solução para a "questão servil".

O movimento antiescravista cresceu a partir de 1880. Neste ano, um grupo de propagandistas, entre os quais Joaquim Nabuco, criou a Sociedade Brasileira contra a Escravidão, semelhante à sua congênere inglesa. Diversos órgãos abolicionistas surgiram nas províncias; suas reuniões e conferências atraíam um grande número de pessoas. Em 1883, a Confederação Abolicionista, liderada por João Clapp e José do Patrocínio, congregava várias associações. Os debates se intensificaram na Câmara. Joaquim Nabuco e Jerônimo Sodré, entre outros, discursavam constantemente tentando mostrar a inviabilidade de preservação da escravidão. Esses discursos, transcritos nos jornais, tinham maior ressonância na opinião pública, apesar das dificuldades inerentes ao alto grau de analfabetismo.

De uma maneira geral, a campanha abolicionista assumiu uma postura cautelosa em virtude do perfil das lideranças, formadas principalmente pelas elites intelectuais que consideravam o trabalho escravo um entrave para o país alcançar o "progresso" e a "civilização". Elas tinham acesso aos jornais e à tribuna parlamentar. Mas, por outro lado, viam com preocupação o aumento da resistência dos escravos. Assim, a manutenção da "ordem" e da lei norteava o abolicionismo, apesar de alguns militantes antiescravistas, como Antonio Bento, em São Paulo, promoverem fugas de escravos. Estas contribuíram para acelerar o processo da extinção legal da escravidão no Brasil.

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