RESISTÊNCIA DOS ESCRAVOS


A revolta normalmente se voltava contra os feitores das fazendas, que eram os
responsáveis diretos pelos maus tratos aos escravos.
Jean Baptiste Debret.


Os capitães-do-mato, ou capitães-do-campo, eram homens que, em busca de recompensa, iam à procura dos escravos foragidos.
J. B. Debret.

RESISTÊNCIA DOS ESCRAVOS

Na fase imperial do Brasil, ocorreram muitas manifestações de inconformismo dos escravos. Elas se apresentavam de várias formas. A resistência passiva era um dos mecanismos mais utilizados pelos cativos: protestos isolados, individuais, buscando boicotar a lida diária a que eram submetidos. Os senhores consideravam essas reações como produto da indolência, justificando, assim, os castigos como forma de fazê-los trabalhar. "Negro só trabalha com o chicote" é um provérbio popular presente, ainda, no universo mental da sociedade brasileira. Através da displicência nas tarefas feitas de forma desastrada, aparentando ignorância, os negros exteriorizavam, sutilmente, sua revolta contra uma estrutura opressora.

Outra forma de protesto era o suicídio. Ele era um reflexo do desespero do cativo contra os castigos odiosos ou a opressão constante. Ao mesmo tempo, esta fuga extrema ao sofrimento abalava a propriedade do senhor. Alguns preferiam o suicídio ao retorno para a casa dos seus antigos donos, das quais tinham fugido. As manifestações religiosas agiam, também, como formas de resistência do negro. Os proprietários as consideravam "feitiçarias" que "viravam a cabeça dos escravos".

A resistência através de meios violentos se consumavam, em especial, contra os feitores, em virtude do seu maior contato com a escravaria. Na medida em que o escravismo agonizava, em especial na década de 1880, intensificavam-se as revoltas nas áreas cafeeiras. Eram lutas locais isoladas, inexistindo um projeto político mais atuante que as unissem; porém, elas abalavam toda uma situação secular de privilégios.

A formação de quilombos representava um avanço na luta dos escravos contra os senhores. Os quilombos facilitavam a sobrevivência dos escravos fugidos. Como elementos de resistência, eles adquiriram uma forma qualitativamente mais poderosa, pois além dos ataques às propriedades, atuavam como polo de atração para outros cativos. Contudo, os inúmeros quilombos não tiveram o objetivo premeditado de desenvolver uma luta de insurreição contra a estrutura escravista. Para os escravos aquilombados, tratava-se da manutenção de sua liberdade. Inúmeros quilombos existiram durante o Império. Pode-se destacar o de Manuel Congo, em Pati do Alferes, derrotado em 1838 pelas forças comandadas por Caxias, e do Jabaquara, em Santos, na década de 1880.

A resistência intensificou-se nos últimos anos que antecederam a extinção legal da escravidão no Brasil. Inquestionavelmente, as manifestações de inconformismo sempre ocorreram; porém, na medida em que o fim da escravidão se aproximava, elas tomaram um maior vulto, abalando, inclusive, o processo produtivo. No final da década de 1880, as fugas em massa dos escravos das áreas cafeeiras e açucareira de Campos contribuíram para a extinção legal da escravidão no Brasil.

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