REVOLTAS EM PERNAMBUCO




Panorama de Recife, Pernambuco, por volta de 1830.

Baseado em desenho de Schmidt, presente nos arquivos da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro. Publicação de Friedrich Salathé (sculpt.) and Johann Steinmann (pub.).
Gravura aquarelada da coleção João Moreira Garcez Collection, São Paulo.


REVOLTAS EM PERNAMBUCO

Pernambuco, como as demais províncias do Norte e Nordeste, perdeu vantagens políticas e econômicas a partir da primazia política do Sudeste, sede da Corte. As insatisfações das elites locais já tinham se manifestado na Confederação do Equador, em 1824. No início do período regencial, ocorreram duas revoltas: Setembrizada e Novembrada, ambas de caráter federalista e antilusitano

A Setembrizada eclodiu em setembro de 1831, com a revolta dos soldados do 14º. Batalhão e a adesão de militares de outras guarnições e camadas pobres da população. Neste movimento, houve saques a casas comerciais de portugueses. A Novembrada, iniciada em novembro de 1831, foi uma insurreição liderada pelo capitão Antônio Viana e pelo tenente João Machado Magalhães. Eles exigiam a expulsão dos portugueses, a proibição da imigração lusa para a província e a exoneração dos funcionários governamentais, considerados absolutistas. Os dois movimentos foram derrotados em poucos dias pela ação das milícias governamentais e muitos revoltosos foram deportados para Fernando de Noronha.

Em abril de 1832, outro movimento ocorreu em Recife, dessa vez com sentido restaurador. Os componentes da Abrilada, na maioria portugueses que controlavam o comércio local, reivindicavam o retorno de Pedro I ao trono. Apesar da sublevação ter sido derrotada em três dias, produziu efeitos na Guerra dos Cabanos.

A Guerra dos Cabanos começou no segundo semestre de 1832, no interior de Pernambuco, estendendo-se a Alagoas. Foi uma revolta basicamente rural, da qual participaram camponeses, índios e escravos fugidos. Eles defendiam, de uma maneira difusa, a religião, o retorno do imperador e se opunham à Regência. Apesar de alguns autores considerarem os cabanos como uma massa fanatizada, influenciada pelos restauradores, o movimento foi um reflexo da miséria existente no interior do Nordeste. Táticas de guerrilhas, como emboscadas e ataques de surpresa, foram por eles usadas em larga escala. As tropas do governo só conseguiram desbaratar os revoltosos definitivamente em 1835. Este levante apresentou características semelhantes à Guerra dos Canudos, ocorrida no início da República.

Ainda no período regencial aconteceram, entre 1834 e 1835, insurreições com a participação das tropas, denominadas Carneiradas. Lideradas pelos irmãos Antonio e Francisco Carneiro, foram movimentos ligados aos liberais exaltados. As diversas revoltas ocorridas em Pernambuco prepararam o terreno para a Revolta Praieira.

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