PRAIEIRA





















Em Pernambuco, sede de muita agitação política desde o período colonial, eclodiu, em 1848, a Revolta Praieira.

Museu Histórico Nacional.


PRAIEIRA

A "Praieira" ou "revolta da Praia", ocorrida em 1848 na província de Pernambuco, foi a última da etapa de consolidação do Estado Imperial. Seus organizadores eram "liberais radicais" que rejeitavam os acordos de cúpula das facções políticas no processo de centralização monárquica iniciado em 1837. Os "liberais praieiros" desejavam a nacionalização do comércio e a ampliação do mercado de trabalho para os brasileiros. Eram ambíguos em relação à estrutura agrária. Ao mesmo tempo que defendiam uma melhor distribuição das terras, não contestavam a escravidão.

Alguns militantes do "partido da praia" eram intelectuais que, de uma forma difusa, foram influenciados pelas idéias do socialismo utópico de Robert Owen, Fourier e Proudhon, surgidas na Europa. Seus projetos eram divulgados pelo jornal liberal "Diário Novo", situado na rua da Praia em Recife, o que levou o movimento a ser batizado de "Praieiro". Apesar das afinidades ideológicas de alguns participantes da Praieira com aqueles pensadores europeus, ela não foi uma revolução socialista. Como as demais revoltas de Pernambuco, iniciou com a insatisfação das elites locais diante do favorecimento do Sudeste. Também refletiu a crise da produção de açúcar do Nordeste. Apenas os proprietários de terras e de escravos e os grandes comerciantes tinham possibilidades de contornar as precárias condições de vida da província. A concentração fundiária, privilegiando poucas famílias, e o monopólio do comércio varejista pelos portugueses tornaram-se alvo de algumas manifestações das camadas médias urbanas, a partir de 1844, no Recife. Os "liberais radicais", ou "praieiros", lideravam esses movimentos, antecedentes da Praieira.

O estopim do movimento foi a substituição do governador liberal Cichorro da Gama. Em novembro de 1848, eclodiu a revolta em Olinda. Ela se expandiu para a Zona da Mata, com a participação de setores humildes, liderados pelo capitão Pedro Ivo Veloso da Silveira. No início de 1849, os praieiros foram derrotados quando atacaram Recife. As tropas remanescentes, comandadas por Pedro Ivo, continuaram no interior. Elas infligiram pesadas baixas às forças do governo, através de uma estratégia de guerrilhas. Pedro Ivo rendeu-se em 1850, confiando na promessa de anistia geral. Preso e condenado no Rio de Janeiro, morreu após uma fuga, quando viajava para a Europa. Com a derrota da Praieira, encerrou-se um período conturbado que antecedeu a fase de consolidação do Estado Imperial brasileiro. A subordinação do liberalismo radical facilitou a conciliação das elites.

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