INDUSTRIALIZAÇÃO


Ação da Companhia União Indústria para a construção da estrada entre Rio de Janeiro e Juiz de Fora. Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 1852.

Panorama da cidade do Rio de Janeiro no século XIX.
Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa.

INDUSTRIALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO

A supressão do tráfico de escravos africanos liberou muitos recursos que foram investidos em outros setores, principalmente no Rio de Janeiro. Na década de 1850, foram fundadas 62 empresas industriais, a maioria de tecidos, 14 bancos, 20 companhias de navegação a vapor, 23 companhias de seguros, 8 estradas de ferro, 8 empresas de mineração, 3 de transporte urbano e 2 de gás. As fábricas produziam principalmente chapéus, sabão, tecidos de algodão e cerveja, mercadorias até então importadas. Elas já utilizavam motores hidráulicos ou energia a vapor. Foram aprovadas 181 patentes industriais entre 1840 e 1870 e 1210 patentes de 1871 a 1889. As raízes de uma incipiente industrialização estavam lançadas, apesar do domínio da estrutura escravista que dificultava o seu desenvolvimento. O Estado Imperial incentivou essas mudanças, embora sem uma continuidade. Promoveu a isenção de impostos na importação de maquinarias e tornou o crédito mais acessível aos investidores, através de um política emissionista. Muitos desses empreendimentos vinculavam-se à expansão da lavoura cafeeira para escoar melhor a sua produção e fazer frente às primeiras dificuldades advindas da paralisação do tráfico negreiro. A melhoria no sistema de transporte e novas máquinas no beneficiamento do café liberavam mão-de-obra escrava para o cultivo.

O Rio de Janeiro foi o palco dessas mudanças. A cidade, sede da Corte, recebeu uma série de melhorias no setor de serviços para atender às novas manufaturas instaladas, como iluminação a gás e água encanada. No lugar das antigas carruagens surgiram os bondes puxados a burro que ligavam Botafogo à Tijuca, posteriormente os elétricos, saudados como sinal de progresso. As mansões dos ricos comerciantes e fazendeiros de café ficavam nos bairros mais próximos aos cafés e teatros, enquanto os cortiços serviam de moradia para os trabalhadores. A cidade colonial recebia os ventos do progresso. As lojas comerciais apresentavam as últimas novidades francesas e inglesas, ao mesmo tempo em que os escravos perambulavam pelas ruas. Miséria e opulência ocupavam o mesmo espaço.

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